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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O psicólogo e a escola


Mariana Rodrigues Ferreira

A atuação do psicólogo escolar se dá de forma ampla, posto que abrange não só os alunos, como também seus familiares, e funcionários da instituição de ensino, problematizando os homens em sua relação com o mundo. Propõe, dessa forma, uma educação libertadora, problematizadora, onde há uma relação dialógica de superação da contradição educador-educando, e ambos dispõem-se a aprender um com o outro. 
O psicólogo, portanto, coloca-se no lugar de um agente de mudanças dentro da instituição escolar, deixando de trabalhar com a questão da saúde/doença, normalidade/anormalidade, para assumir um papel de educador, e ajudar, desta forma, “a aumentar a qualidade e a eficiência do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos [...] Ele está nas escolas para ajudar a planejar programas educacionais para as crianças”¹. A ênfase dada pelo psicólogo escolar está então no crescimento e desenvolvimento da criança, mais do que na identificação de patologias. 
Ele atuaria como um elemento centralizador de reflexões e conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem tal instituição. Ou seja, em vez de abordar os problemas escolares centrando seu olhar sobre os alunos, o psicólogo atuaria sobre as relações que se estabelecem neste contexto, levando em consideração o meio social em que estas relações estão inseridas e o tipo de clientela que atende, assim como os grupos que a compõem. Ele atuaria, portanto, sobre a instituição escolar². 
Cabe ao psicólogo escolar, entretanto, identificar possíveis dificuldades de aprendizagem ou problemas que possam surgir no processo de desenvolvimento infanto-juvenil, orientando familiares e professores sobre a maneira mais adequada para lidar com as dificuldades e, quando necessário, fazer o encaminhamento para o profissional mais adequado a lidar com a questão. Repetimos ainda, que o foco do trabalho do psicólogo escolar não está na identificação de patologias, conquanto isso ocorra em determinadas situações, mas sim no adequado desenvolvimento da criança. 
Nesse contexto, o psicólogo deixa de ser chamado a resolver emergências, passando a contribuir na organização da estrutura escolar, sugerindo novas formas de avaliação dos desdobramentos do contexto escolar como um todo (do aluno, ao professor, e da relação entre estes) e permitindo a ressignificação das práticas sociais dos indivíduos, bem como a percepção dos outros no que diz respeito à sua atuação. Proporcionaria ainda, a participação democrática de todos, envolvendo assim o coletivo escolar (pais, alunos e funcionários). 
A psicologia escolar seguirá o sentido do fortalecimento do potencial criativo da criança e do adolescente, caminho este contrário às tentativas de contenção do problema, nas quais os rótulos são práticas comuns, e que geram um indivíduo estigmatizado socialmente. Ao contrário, o que pretendemos é a promoção da saúde e o exercício da cidadania. 

Objetivos 

Problematização das relações humanas no que diz respeito ao contexto escolar e social da criança. 
Aumento da qualidade e eficiência do processo educacional através da aplicação de técnicas psicológicas. 
Planejamento de programas educacionais para as crianças. 
Ênfase no crescimento e desenvolvimento da criança. 
Identificar possíveis dificuldades de aprendizagem ou problemas que possam surgir no processo de desenvolvimento infanto-juvenil. 
Orientação de familiares e professores sobre a maneira mais adequada para lidar com as dificuldades educacionais. 



REFERÊNCIAS 



¹ Reger, R. Psicólogo escolar: educador ou clínico?; In: Souza Patto, M.H. (Org.).Introdução à psicologia escolar (pp 9-16), São Paulo: T.A. Queiroz, 1989. 



² MARTINS, J.B. A atuação do psicólogo escolar: multirreferencialidade,implicação e escuta clínica. Psicologia em Estudo, Maringá, 2003, v.8, no. 2, p.39-45. 







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